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Os lutos da infertilidade

Ter ou não ter filhos pode parecer uma decisão que compete só aos casais em determinada etapa da vida ou do relacionamento; num momento que seja mais oportuno financeiramente e emocionalmente. Mas, a realidade é que um número maior de casais tem experimentado certa frustração quando em tentativas repetidas, mês a mês, não conseguem engravidar.

É importante frisar que os casais que buscam as cínicas de reprodução humana, o vão sempre com muitas expectativas. Assim, o não conseguir engravidar naturalmente pode trazer uma série de sentimentos, ambíguos em sua maioria, e dentre eles o luto. Daí a importância de reconhecer cada fase e sentimentos envolvidos nessa jornada.

Ambos sofrem, homem ou mulher. Afinal, não ter filhos afronta a função parental esperada pela sociedade. Porém, a ideia que predomina sobre a maternidade como algo natural, associado à bênçãos e forte representação social da maternidade ao ser feminino, visto que é no corpo da mulher que se inscreve a transformação da vida. Não ter essa condição implica em falta, inconsciente ou conscientemente atribuída, a sentimentos de menos valia e dor.

Maternidade e feminino se misturam, onde um potencializa e realiza o outro. Mas, e quando não se consegue? A impossibilidade assombra exatamente por ir de encontro ao natural e convida a novas formas de ressignificados. E, a isso, atribuímos a elaboração de lutos e novas maneiras de lidar com a impossibilidade. Ainda que para essa se vislumbre outros modos importantes de ressignificados e realização do desejo de ter um filho, como os tratamentos de reprodução assistida ou a adoção.

O diagnóstico de infertilidade traz em si uma carga de sofrimento e impacta negativamente no estado emocional do casal. O desejo e a realização do sonho de ter um filho passa a contar com a ajuda da medicina, onde um terceiro se aplica a esse evento, com o auxílio médico passando a ser determinante. Do ponto de vista psicológico, um misto de sentimentos surgirão, podendo ir da ansiedade à depressão.

Do diagnóstico de infertilidade ao tão sonhado positivo, portanto, muitos lutos simbólicos e concretos são vividos: não ter um filho naturalmente, ter que partir para um tratamento, questões emocionais e financeiras, não poder gestar com próprios óvulos/gametas, etc. A cada etapa, onde muitas vezes convida a escolhas e ressignificados, também entra o medo do fracasso, incertezas aliadas às altas expectativas. Logo à importância do cuidado humanizado e o devido acolhimento de toda equipe envolvida. Sobretudo, necessitam de um espaço de fala, de dar lugar a essas emoções. Assim, o zelo psicológico neste momento pode, com certeza, ser impactante na qualidade de vida durante toda a jornada.

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