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Gravidez depois dos 40 anos

A menopausa é definida como o último ciclo menstrual e ocorre entre os 45 e 55 anos. A menopausa representa a falência ovariana, ou seja, a inexistência de óvulos nos ovários. As mulheres nascem com um estoque finito de óvulos que começam a ser liberados a partir da primeira menstruação (menarca). Quando esse estoque acaba, começa a menopausa. Ela é caracterizada pela diminuição dos níveis de estrogênio e progesterona produzidos pelo ovário e aumento dos níveis de FSH e LH produzidos pela hipófise para estimular a ovulação.

Na menarca, a mulher tem em média 400 mil óvulos que serão recrutados para que ocorra a ovulação e uma possível gestação. Aos 35 anos de idade, essa reserva ovariana já cai para apenas 10%. Aos 40 anos, é menor do que 5%. Atualmente, observa-se que as mulheres têm postergado o desejo da maternidade, seja por razões pessoais, trabalho, estudo ou mesmo questões financeiras. Estima-se que hoje em cada 5 gestantes, pelo menos 1 tenha mais do que 35 anos.

Após os 35 anos, a chance de uma gestação espontânea começa a diminuir e aumenta a probabilidade de aborto espontâneo. A taxa de gestação até os 35 anos é de 15% por mês e de 80% em um ano. Após os 35, essa taxa cai para 9% ao mês, num total de 50% ao ano. Depois dos 40, essa taxa tem uma redução importante para 4% ao mês e apenas 20% ao final de um ano. Depois dos 43, a taxa vai para 0,2% ao mês e menos de 1% ao ano. Aos 50 anos, tem-se menos de 1% de chance de gravidez espontânea.

Importante ressaltar que após os 35 anos aumentam as chances de aborto espontâneo e aneuploidias. Aneuploidias são alterações de disjunção cromossômica na divisão celular do óvulo ocasionada principalmente pela idade avançada da mulher, que levam a abortos ou síndromes genéticas (como por exemplo a síndrome de Down). Aos 35 anos, o risco de alterações genéticas é de 30%. Aos 40 anos, esse risco dobra para 60% e aos 45, o risco é de 90%.

A reprodução humana evoluiu muito nesses últimos anos de forma a auxiliar pacientes de idade mais elevada a conseguirem realizar o sonho da maternidade. É importante enfatizar que ainda hoje não temos tecnologia para melhorar a qualidade e quantidade dos óvulos existentes. Conseguimos apenas otimizar a sua utilização.

Recomendamos para pacientes de 35 anos que não desejam uma gestação imediata que congelem seus óvulos para futura utilização. Quando o congelamento é feito nessa idade, a taxa de sucesso na gestação aos 40 anos é de 70%, enquanto uma paciente da mesma idade que não congelou óvulos terá uma chance de sucesso na gestação ao redor de 20% caso faça fertilização in vitro, ou seja, menos da metade das que optaram pelo congelamento prévio.

Para pacientes que não tem mais óvulos, ou cujos óvulos não existam em quantidade e qualidade suficientes para conseguir embriões euplóides (que não possuem alterações genéticas) existe a possibilidade da ovodoação. A ovodoação consiste na utilização de óvulos de uma doadora anônima, de até 30 anos, respeitando-se as características físicas e tipagem sanguínea da paciente que receberá os óvulos doados para que o bebê seja parecido com a mãe (o que ocorre graças à epigenética).

O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que pacientes com mais de 50 anos não engravidem, pelo risco de pressão alta, diabetes, parto prematuro e risco à vida da mãe. Se fizermos uma pesquisa na literatura médica mundial e no Guinness Book, teremos uma noção do quão raro é uma gestação espontânea após os 45 anos. Temos um relato de uma mulher estadunidense que engravidou espontaneamente aos 46 anos e uma indiana que fez fertilização in vitro com óvulos doados e teve gêmeos aos 74 anos.

A gestação espontânea após os 45 anos é uma exceção extremamente rara. Seria quase como ganhar na Mega-Sena. Não deve, portanto, ser uma opção de esperança para mulheres dessa idade.

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