Reserva ovariana é o conjunto de óvulos que a mulher possui. Antes de tudo, é importante saber que essa reserva é finita e os seus folículos ovarianos são perdidos ao longo da vida, independente do que você faça.
Quando a mulher tem entre quatro a seis semanas de vida intraútero, inicia-se a produção dos óvulos. É justamente quando você é um bebê, dentro da barriga da sua mãe, que na 20ª semana de vida intraútero você terá 7 milhões de óvulos – o maior número durante toda sua existência.
Ao nascer, esse número cairá para 2 milhões de óvulos e quando você atingir a puberdade, na primeira menstruação, estará em apenas 400 mil. Naturalmente, a mulher perde cerca de 600 a 1000 óvulos por mês até atingir a menopausa. Em um ano, essa eliminação é de 6 a 8 mil óvulos devido à apoptose, ou seja, a morte celular programada, que é inevitável e acontece mesmo com o uso de anticoncepcionais, contraceptivos hormonais ou durante uma gestação.
Aos 30 anos de idade, você terá cerca de 12% da sua reserva ovariana, em um momento da vida o qual você está pensando no mestrado e/ou doutorado, focada na sua carreira ou ainda nem estabeleceu uma parceria afetiva.
Quero que anote esse marco na sua agenda para conversar com seu médico sobre o hormônio antimulleriano (AMH). Sou um defensor de que a dosagem do AMH seja feita anualmente em mulheres a partir dos 30 anos, mesmo sem sintomas. É importante que você conheça sua reserva para planejar melhor sua vida reprodutiva. E, se a ideia de gravidez tardia for realmente uma meta sua, deve ser levada em consideração à preservação da fertilidade, para retardar a maternidade com mais segurança.
A dosagem do AMH é realizada através de uma coleta de sangue convencional, não havendo necessidade de jejum. Mas, se possível, é bom que seja coletado durante seu período menstrual. O ponto de corte do AMH é de 1,5; abaixo disso é considerado baixa reserva.
Também é possível realizar a contagem dos folículos através de um ultrassom realizado no seu período menstrual. Se a contagem mostrar mais de 20 folículos, é uma reserva altíssima; de 15 a 20, é alta reserva; entre 10 e 15, é reserva normal; de 5 a 10, é baixa reserva, e abaixo de 5 é baixíssima reserva.
Gosto de trabalhar com os dois exames para diminuir a margem de erro e ter um panorama mais completo do caso e orientar a paciente da melhor forma. A baixa reserva não é sinônimo de infertilidade. Significa apenas que a paciente tem menos óvulos que a média das mulheres da sua idade.
No entanto, nossa grande preocupação é evitar o encontro desse quadro de baixa reserva com a idade avançada, que influencia diretamente na qualidade dos óvulos. É melhor ter menos óvulos com qualidade, ou seja, mais jovens, do que ter uma reserva alta com menor qualidade, quer dizer, mais velhos.
Lembre-se: seus óvulos têm a sua idade. Meu conselho é que, se puder, evite o encontro desses extremos da pouca quantidade com a baixa qualidade dos folículos ovarianos. Reitero que a melhor alternativa é sempre o conhecimento sobre a reserva ovariana para que, assim, você possa planejar e realizar tudo o que deseja.